sábado, 2 de março de 2013
Viemos girando do nada, espalhando estrelas como pó. As estrelas puseram-se em círculo, e nós no centro dançamos com elas. Como a pedra do moinho, em torno de Deus gira a roda do céu. Segura um raio dessa roda e terás a mão decepada. Girando e girando, essa roda dissolve todo e qualquer apego. Não estivesse apaixonada, ela mesma gritaria - basta! Até quando há de seguir esse giro? Cada átomo gira desnorteado, mendigos circulam entre as mesas, cães rondam um pedaço de carne, o amante gira em torno do seu próprio coração. Envergonhado ante tanta beleza giro ao redor da minha vergonha. Ouve a música do samá. Vem unir-te ao som dos tambores! Aqui celebramos: somos todos Al-Hallaj dizendo: “Eu sou a Verdade!” Em êxtase estamos. Embriagados sim, mas de um vinho que não se colhe na videira; O que quer que pensem de nós, em nada parecerá com o que somos. Giramos e giramos em êxtase. Esta é a noite do sama. Há luz agora. - Luz ! Luz! Eis o amor verdadeiro, que diz a mente: adeus. Este é o dia do adeus. - Adeus ! Adeus ! Todo coração que arde nesta noite é amigo da música. Ardendo por teus lábios meu coração transborda de minha boca. Silêncio! És feito de pensamento, afeto e paixão. O que resta é nada além de carne e ossos. Por que nos falam de templos de oração, de atos piedosos? Somos o caçador e a caça, Outono e primavera, Noite e dia. O Visível e o Invisível. Somos o tesouro do espírito. Somos a alma do mundo, livres do peso que vergasta o corpo. Prisioneiros não somos, do tempo nem do espaço, nem mesmo da terra que pisamos. No amor fomos gerados. No amor nascemos... Sama Rumi - O poeta embriagado de Deus...
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